terça-feira, 21 de outubro de 2014

A Guerra dos Tronos: As Crônicas de Gelo e Fogo - livro um

O inverno está chegando...


Quando Eddard Stark, lorde do castelo de Winterfell, aceita a prestigiada posição de Mão do Rei oferecida pelo velho amigo, o rei Robert Baratheon, não desconfia que a sua vida está prestes a ruir em sucessivas tragédias. Sabe-se que Lorde Stark aceitou a proposta porque desconfia que o dono anterior do título fora envenenado pela manipuladora rainha - uma cruel mulher do clã Lannister. E sua intenção é proteger o rei. Mas ter como inimigo os Lannister pode ser fatal: a ambição dessa família pelo poder parece não ter limites e o rei corre grande perigo. Agora, sozinho na corte, Eddard percebe que não só o rei está em apuros, mas também ele e sua família.
Quem vencerá a guerra dos tronos?

A Guerra dos Tronos - As Crônicas de Gelo e Fogo - Livro 1, George R. R. Martin, 592 páginas, LeYa.


A série As Crônicas de Gelo e Fogo é constantemente comparada com as histórias criadas por J.R.R. Tolkien, como O Senhor dos Anéis e o Hobbit, tamanha a semelhança no gênero. Contudo, As Crônicas de Gelo e Fogo consegue ter características próprias, dentro do gênero fantasia, sendo mais centrada em conspirações políticas onde não há a divisão do bem e do mau, dependendo e muito sob qual perspectiva se olha. Aliás, consegue ser mais realista, deixando um pouco as criaturas mágicas, tais como elfos e orcs de lado, enquanto trabalha intensamente em seus personagens e desenvolvimento, dando um ar mais adulto para o gênero, classificando-o em um subgênero da fantasia.

Em suma, o livro não fica somente no que é nos dito em sua sinopse, mas nos traz outros três conflitos que de uma maneira ou de outra estão interligados entre si: o conflito entre os Lannister e os Starks que vem a se desenvolver durante o livro, a possível ameaça que Daenerys, a última Tangaryen possa vir a representar ao trono do rei Robert e o conflito principal, a guerra pelo trono, num lugar onde todos buscam poder, ou os que não buscam, clamam por paz. Sua sinopse é somente um chamariz , uma pequena parcela de toda a trama.

Uma família muito ambiciosa, Ned pensou. nada tinha contra os escudeiros, mas perturbava-o ver Robert rodeado por parentes da rainha, tanto acordado quanto dormindo. O apetite dos Lannister por cargos e honrarias parecia não conhecer limites." p.220

Em uma primeira impressão, o livro assusta bastante pelo seu tamanho, tanto de fonte como no número de páginas, com um total de 592. Desse total a história em si vai até a 567, tendo o restante utilizado para o apêndice, afim de nos situarmos quem é quem na história, quais as casas que foram citadas e que aparecem, bem como seus vassalos. O tamanho da fonte também assusta justamente por não ser o padrão para esse tipo de publicação (Times Roman, tamanho 12), sendo bem menor que isso.

A história lembra claramente a era medieval, onde temos casas, cada qual com seu lorde e seus vassalos, que também possuem seus próprios lordes, e um rei que comanda em todo o reino, sentado no Trono de Ferro - a maior prova de que ele governa em Westeros.


Sua leitura flui facilmente, ainda mais pela maneira utilizada por Martin ao desenvolver suas personagens - que ressalvo, são muitas. Cada capítulo leva o nome de um personagem, e consequentemente traz a história pelo seu ponto de vista, sempre em terceira pessoa. É uma ferramente que dá liberdade ao autor, podendo ou não avançar no tempo como bem desejar, sem a repetição de um mesmo evento. Suas personagens são bastante humanas, tendo cada um suas virtudes e seus defeitos, seja para o bem ou mau. Não há uma distinção clara sobre o que é certo ou errado.

Um rei nunca deve se sentar à vontade, dissera Aegon, o Conquistador, quando ordenara aos armeiros que forjassem um grande trono a partir das espadas depostas pelos seus inimigos." p.328

Quem tem a ganhar com esse tipo de ferramenta somos nós leitores, uma vez que podemos acompanhar aquele personagem sem que este ou aquele se intrometa em seu desenvolvimento. A obra possui o timing perfeito para o amadurecimento de suas personagens, levando em consideração que seis das personagens são crianças. É difícil comentar sobre todas as personagens que possui seus pontos de vista, então eu não o farei, poderia conter spoilers. Difícil destacar somente uma, todas de uma maneira ou de outra são importantes na trama. O diferencial talvez esteja na imprevisibilidade de suas ações, e o leitor não consegue sacar logo de cara o que vem depois, tendo diversas surpresas durante a leitura.

George R. R. Martin optou por deixar sua obra com os pé mais no chão, tanto para o lado normal como para o fantasioso de sua obra. Isto ou aquilo não está aí porque é assim, há uma razão para que certos fatos ocorram inclusive as partes fantasiosas da série, fazendo jus ao gênero - muito embora ela venha a aparecer gradativamente. As Crônicas de Gelo e Fogo não deveria ser, em nenhum momento, comparada à Senhor dos Anéis. As obras, embora sejam do mesmo gênero possuem temáticas diferentes e o ano de lançamento de ambas são diferentes, bem como a experiência de cada autor. Portanto, Senhor dos Anéis é uma coisa, As Crônicas de Gelo e Fogo é outra.

Lembre-se criança, não é a dança de ferro de Westeros que estamos aprendendo, a dança dos cavaleiros, que corta e bate, não. Esta é a dança do espadachim, a dança da água, rápida e súbita. Todos os homens são feitos de água, sabia disto? Quando os perfura, a água jorra e eles morrem - [...]" p.163

A Guerra dos Tronos serve bastante como introdução desse vasto universo criado por George R. R Martin e sua experiência com roteiros mostrou-se eficiente, com uma trama muito bem construída e personagens muito bem trabalhados e entrelaçados, cada qual com sua importância. O livro possui uma pegada mais adulta, não somente por sua intriga política mas por possuir cenas explicitas - mesmo com tio Martin dando uma parada nas cenas mais hots - e violência é o que não falta. Não se apegue a nenhum personagem, embora a afeição venha inconscientemente. As Crônicas de Gelo e Fogo (como é conhecida a série) cativa aquele que o lê. 

Quando se joga o jogo dos tronos, ganha-se ou morre. Não existe meio termo." p.346 

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2 comentários:

  1. Não há como negar que GoT merece a popularidade que tem, o esforço do véio Martin é único em deixar sua Westeros única. É uma leitura longa, que eu por hora não tenho muito tempo pra encarar. Mas está na minha lista.

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  2. Eu tentei ler a primeira vez a versão em inglês. Não consegui mastigar a ponto de engolir antes da página 50. Desisti. Depois tentei a versão em português. Desisti também. O problema no final era o formato da narrativa. Admito que é uma história sem precedentes, ainda mais com a fama provinda da série da HBO, mas acho que não estou pronto pra me aventurar pela narrativa do Martin.

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