sábado, 9 de março de 2013

O atual mercado de mangás no Brasil

Para comemorar a grande marca alcançada pelo blog, em três anos - quase quatro - de 300 postagens, um post especial sobre o atual mercado de mangás no Brasil. 


Mangá, literalmente história em quadrinhos, é a palavra utilizada para designar esta forma de arte ao bom estilo japonês.

A  arte sequencial japonesa contemporânea foi se moldando com o tempo, e teve em Osamu Tezuka, considerado o "uma divindade do mangá", o pioneiro do mangá como o conhecemos hoje. Influenciado pelo estúdio Walt Disney, Tezuka caracterizou seus personagens com expressões bastante exagerada, aumentando assim a expressividade do mesmo.

Estamos vivendo a Era de Ouro dos mangás atualmente no Brasil. Nunca, desde que eu me conheço como fã de animes e mangás eu vi bancas e lojas especializadas com tantas obras lançadas ao mesmo tempo para o público brasileiro. 


Houve uma época, e não faz tanto tempo assim, que ver três ou quatro títulos de mangás em uma banca de jornal era um sonho. Imagine então ver mais de cinco? 

Tudo começou no final dos anos 80 e começo dos 90 onde diversas editoras, como a gigante Abril Jovem e "independentes" como Cedibra e Nova Sampa, ocupavam timidamente as bancas com poucos títulos.

Mai, a Garota Sensitiva. Mangá publicado pela
Editora Abril nos anos 90.

Numa segunda fase, o grande sucesso na tv do anime Cavaleiros do Zodíaco abriu um novo mercado para produtos da cultura POP japonesa por aqui. Além de  incentivar a vinda de títulos como Samurai X (Editora JBC), Dragon Ball e o próprio Cavaleiros do Zodíaco (estes dois últimos pela Conrad Editora) para nossas bancas. Mesmo assim, antes da explosão da internet por aqui para ter informações, notícias e previews dos lançamentos era somente através de revistas especializadas, como as finadas Herói, Henshin ou a Ultra Jovem.

Hoje, após praticamente 13 anos desse pequeno grande início para o que seria a Grande Era dos mangás em solos brasileiros, estamos talvez no auge da coisa toda, e pior, muita gente parece não ter notado isso ainda. Com muitas críticas e o favoritismo de ter as coisas de graças pela internet parecem ter transformado a população, onde a minoria - generalizar não seria legal - prefere ter a coleção completa de mangá pelo computador.

Lobo Solitário. Da mesma época que a Editora Abril,
atuou no mercado e está de volta com vários lançamentos.

Atualmente, temos quatro editoras que trabalham a toda trazendo novidades para o público brasileiro, sejam com os mangás populares, aqueles que estão fazendo sucesso atualmente, sejam os mais antigos, os  mais clássicos e conhecidos pelo público mais velho ou os mais desconhecidos do grande público. Mesmo com a grande concorrência da internet, onde basta um clique e pimba, já temos a obra daquele autor inteira em nossos computadores, o empenho das editoras e a procura dos fãs é algo incrível. Lembre-se que citei a minoria no parágrafo acima.

Se contarmos os mangás que possuem certa regularidade por aqui (como a periodicidade mensal, bimestral, etc) e os que estão em hiato (pausados por terem alcançado o lançamento do Japão) talvez o número de mangás que estão sendo publicados aqui hoje em dia chegue a um número muito grande - de acordo com a revista Mundo Estranho de Dezembro de 2012, em julho do ano passado, foram 30 títulos japoneses lançados por aqui -. E olha que eu nem consegui contar todos, seja pelo número não exato, seja por desconhecer alguns títulos.

Herói #01. Uma raridade para os fãs e uma das
primeiras formar de informações de animações japonesas
em nosso país.

As editoras responsáveis por esse grandioso momento são:
- Editora JBC, que vem fazendo um excelente trabalho - tanto em relação aos fãs como aos produtos licenciados - e vem melhorando gradualmente a qualidade de seu material mostra quem manda atualmente no mercado nacional de mangás.
- NewPOP, que recentemente adquiriu os direitos para publicar obras do grupo CLAMP (que graças à Sakura Card Captor, é bastante conhecido do público otaku brasileiro) possui se formos comparar, uma qualidade melhor que a da Editora JBC, mais que peca pela sua periodicidade irregular.
- Panini Comics Planet Mangá, selo da Editora Panini também não fica atrás. Possui vários títulos que são sucessos no Japão. Sua periodicidade varia e sua qualidade ainda é inferior as duas citadas acimas, contudo parece ter se estabilizado atualmente.
- Nova Sampa, voltando ao mercado com a colaboração do ex-editor da Editora JBC, Marcelo Del Greco, vem apostando em títulos para um público mais adulto está conquistando a cada lançamento, seu lugar ao sol.

Títulos é o que não faltam para os mais diversos gostos e gêneros, com preços que variam desde R$10,90 até R$19,90, em que o leitor leva sua obra preferida com um formato que se assemelha muito ao formato original. Os mangás encadernados possuem aproximadamente 200 páginas e a leitura é feita igual no sentido oriental. Do início para o fim e da direita para esquerda e dependendo da editora e do encadernando original, com páginas coloridas.

A questão é que em nenhuma outra época tivemos tantos títulos à nossa disposição como agora e não podemos deixá-la morrer. Estamos ainda no terceiro mês do ano e diversas novidades já podem ser conferidas nas bancas, lançadas pelas editoras. As quatro editoras citadas acima estão à todo vapor, sempre trazendo mangás quentinhos da Terra do Sol Nascente diretamente para Terras Tupiniquins. 

Infelizmente, por "questões estratégicas", as editoras responsáveis por esse grande acontecimento não divulgam números de vendas, deixando assim uma incógnita no ar. Será que os mangás vendem bem, já que representam 28% do mercado nacional de quadrinhos ou as tiragens para os volumes são poucas, o que logo daria grandes vendas? Veja, o primeiro volume de Katekyo Hitman Reborn, que chegou nas bancas nesse começo de mês veio com um pequena tiragem para um mangá de grande conhecimento do público otaku. 

Para isso, foi criado com a ajuda de fãs, um formulário para entender o mercado nacional de mangá, e assim poder ter uma base próxima do real de vendagens. Para acessar e preencher o formulário: Conhecendo o mercado nacional de mangás - Fevereiro de 2013.

Mangás "atuais" lançados pela Editora JBC. Hoje o mercado está
bastante segmentado, com mangás para todos os gostos.

Mesmo com isso, não devemos desanimar. O mercado de mangá nacional começou a crescer aos poucos e hoje temos o que temos. Claro que isso não é o bastante. Algumas coisas precisam ser acertadas, outras nem tanto. A questão é: o mercado não para de crescer. Isso faz com que os fãs fiquem com as carteiras vazias e ao mesmo tempo satisfeito por verem suas obras favoritas bem pertinho, na própria prateleira ou numa banca de revistas próxima.

Agradecimento especial à Rogério Prado pela ajuda na revisão e em algumas imagens que ilustram o texto. Confira a página de Rogério em hamletprimeiro on deviantART

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3 comentários:

  1. Parabéns pela sua marca de 300 postagens Naty e pela sua dedicação. Algo digno de reconhecimento sem dúvida.

    Obrigado por permitir minha pequena contribuição neste momento tão marcante para você e o seu blog.

    Vou continuar acompanhado seu bom trabalho na divulgação desta parte fundamental da cultura japonesa que é o mangá.

    Vida longa e próspera

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  2. Saudações


    Ótimo post, Naty. Sem a menor sombra de dúvidas.
    Acredito que o mercado das publicações orientais no Brasil (sobre os mangás) poderá crescer ainda mais com o tempo. Mesmo que as editoras tenham que se acertar um pouco mais nesta questão, é trivial que os fãs desta arte também façam a sua parte.

    No mais, parabéns pelos trezentos posts do [Naty in Wonderland]. Esta é uma marca digna e que merece grande respeito.


    Até mais, jovem amiga.

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  3. Muito bom o post!!!!!!

    Bem critico e histórico... me dá até vontade de voltar a comprar e colecionar alguns mangás do passado... aiai...

    Espero que venham novos títulos sempre, mas que o preço dos mesmos fiquem mais acessível, pois logo mais vamos estar pagando em um volume de mangá o mesmo que pagamos em um livro!

    :o

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